O som da chuva é alto, mas parece ter um efeito sedativo em mim — cada pingo é uma lágrima de Deus, que só se salga quando sua pureza é impregnada com minhas mãos pecadoras. Não me lembro quando cada gota realmente passaram a pesar no telhado.
Assistindo as águas que caem rapidamente do céu, admiro a enxurrada que leva e lava a rua de baixo. Trovões estrondosos nos pegam desprevenidos, como se estivéssemos fazendo arte quando crianças.
Um leite com chocolate quente, uma coberta e um bom filme na sala de casa. O frio tem o próprio calor que esquenta nossa alma.
Ah, o quão belo é o jogo de palavras, que apesar de existirem na sonoridade, estas foram fabricadas na minha mente inquieta. Que ironia, não? Minha inquietude ser imaginando a paz.
Dizem que quando mais novo, meus sonhos eram motivo de outras crianças se maravilharem; cada noite era um conto diferente, cada manhã um livro era escrito.
Quanto mais eu envelhecia, mais eu não precisava dormir para sonhar. Eu era — e talvez ainda seja — um sonhador em tempo integral.
As expectativas eram gigantescas, independente da situação.
Conversando com os mais velhos, descobri que não era o único assim; a vida também já havia sido uma folha em branco para eles, só que em algum momento a tinta já não tinha mais cores. Para muitos isso não é um problema, bastava criar algo mais monocromático, mas isso era o fim do mundo para aqueles que tentavam ver o colorido.
A vida é uma constante lei de oferta e demanda, e como num capitalismo emocional, o ter tomou conta.
Queremos amores, banquetes e luxos.
Alguns me consideram uma pessoa extravagante, outras; simples.
Conversando com uma pessoa muito importante na minha vida, ela me disse que tudo em excesso é a ausência de alguma outra coisa que não nos foi permitida ter acesso, por quaisquer que sejam os motivos.
Poderíamos culpar o nosso signo astrológico, o pé que tocou o chão primeiro quando acordamos ou até mesmo a escada que passamos por baixo anos atrás, mas no final, todo excesso é a ausência de algo.
Pobres sonhos que sonhei, quisera eu, outrora, que fossem reais. Que eu ainda tivesse seus beijos em minha testa, pois a ironia é que quanto mais velhos ficamos, o vazio aumenta. Que ausência é capaz de criar excesso de vazio? Não tenho respostas e talvez jamais tenha.
Meus lamentos e comemorações seriam feitos para ser ovacionado?
Quiçá, algum dia, entenderão que escrever não é tão fácil quanto pensam. Não precisamos ser doutores ou ter algum feito especial para nos expressar, basta tentarmos, pois de passo em passo chegarem em algum lugar. Se terão mãos para te aplaudirem ou apontar, bocas para louvar ou vaiar e braços para te abraçar ou te segurar, não importa. Que seus caminhos sejam retos, que não desviem nem para a direita nem para a esquerda. Com o foco em frente e a ponderação em mente, certamente chegaremos em algum lugar real, pois o ideal é só isso, uma fabricação, expectativas geradas pela ausência de realidade.
EDFO – ESCOLA DE DANÇA FABIANE ORETEGA
Todos os anos quando vai chegando Dezembro, ficamos na expectativa, do que será apresentado no espetáculo que acontece como todo os anos pois bem! Vamos por partes Antes de falar do espetaculo, vamos contar uma grande novidade da Fabiane Ortega Ricci, que esteve na Festa dos 21 anos do programa “Por